domingo, 25 de março de 2012

Ficha de leitura Nº10 (2º Período)

Pesquisador: Joel Joaquim

Assunto: Risco de cancro e metásteses

Aspirina pode reduzir risco de cancro e metástases


Uma pequena dose diária de aspirina durante apenas três anos pode ajudar e reduzir em um quarto o risco de cancro e mesmo travar o seu desenvolvimento e processo de metastização. Esta é a conclusão de três estudos publicados no The Lancet esta semana.

Pesquisas anteriores já tinham provado o potencial da aspirina na prevenção do cancro mas focavam-se numa toma diária durante dez anos, o que levantou preocupações dos especialistas devido a eventuais efeitos secundários, nomeadamente problemas de hemorragias no estômago. Os novos estudos agora publicados, por investigadores do Reino Unido (Universidade de Oxford e do Hospital John Radcliffe), focam-se em apenas três anos de toma diária e reforçam os benefícios da aspirina na luta contra o cancro.

Os resultados de um dos artigos publicados mostram que uma toma diária de baixas doses de aspirina durante três anos pode levar a uma redução do risco de cancro de 23 por cento nos homens e 25 por cento nas mulheres. Por outro lado, concluíram ainda os investigadores, o risco de morrer de cancro diminui 15% (e em 37 % para os que prolongam esta toma durante mais de cinco anos). Os dados foram obtidos com a análise de 51 ensaios que testaram os efeitos de doses baixas de aspirina em pessoas com problemas cardiovasculares.

O outro estudo divulgado centra-se no efeito da aspirina nas metástases e conclui que este fármaco reduziu em 48% a proporção de cancros que se desenvolvem afectando outros órgãos. O fármaco reduziu ainda o risco de um diagnóstico de um tumor sólido já com metástases em 31% e, para doentes que já tinham sido diagnosticados com cancro, a redução do risco de metástases foi na ordem dos 55%.

Fonte: http://www.publico.pt/Sociedade/aspirina-pode-reduzir-risco-de-cancro-e-metastases-1538972

Ficha de leitura Nº9 (2º Período)

Pesquisador: Joel Joaquim

Assunto: Superbactérias

“Efeito dominó” destrói a resistência de superbactérias aos antibióticos


Foi através de um “efeito dominó” molecular que a equipa de Christopher Tan, dos laboratórios farmacêuticos Merck – que contou com a colaboração de investigadores do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB) de Oeiras, liderados por Mariana Pinho –, conseguiu tornar o estafilococo áureo multirresistente (MRSA) novamente vulnerável aos antibióticos habitualmente utilizados contra ele.
Os resultados desta equipa internacional (norte-americana, canadiana e portuguesa) podem abrir o caminho ao desenvolvimento de novas formas de combater a crescente ameaça destas “superbactérias”.

O MRSA é a principal causa de infecções hospitalares no mundo. Em 2005, nos EUA, a mortalidade anual associada à esta bactéria ultrapassava a do VIH. E estas perigosas infecções também começam a surgir “na rua”, em pessoas saudáveis.

Os antibióticos correntes costumam ser derivados da penicilina, cefalosporinas, etc., e actuam destruindo a parede das células bacterianas. E como muitas bactérias desenvolvem resistência sintetizando uma enzima, a beta-lactamase, que destrói a estrutura molecular desses antibióticos, recorre-se à administração, ao mesmo tempo, de um inibidor dessa enzima. Mas no caso do estafilococo áureo, esta estratégia não funciona bem, porque “a beta-lactamase não é o mecanismo principal que gera resistência aos antibióticos”, escrevem os cientistas num artigo publicado nesta quarta-feira na revista Science Translational Medicine.

Fonte: http://www.publico.pt/Sociedade/efeito-domino-destroi-a-resistencia-de-superbacterias-aos-antibioticos-1538864

Ficha de leitura Nº8 (2º Período)

Pesquisador: Joel Joaquim

Assunto: Sistema imunitário

Contacto precoce com germes bom para a saúde


Há anos que se pensa que a exposição das crianças desde cedo aos micróbios que normalmente nos rodeiam é importante para estimular o seu sistema imunitário. Só que até aqui, não havia indícios biológicos nem potenciais mecanismos que sustentassem a ideia, baptizada “hipótese da higiene” e que responsabiliza os elevados níveis de higiene do estilo de vida moderno e urbano (e o recurso precoce aos antibióticos) pelo aumento das alergias, da asma e das doenças auto-imunes. Mas ontem, Richard Blumberg e colegas, do Hospital Brigham and Women’s de Boston, nos EUA, publicaram na revista Science os primeiros resultados susceptíveis de pôr finalmente fim ao debate.

Os cientistas compararam os sistemas imunitários de ratinhos criados para serem “livres de germes” com o de ratinhos que viviam num ambiente normal – ou seja, cujo organismo continha bactérias e outros micróbios. Por um lado, constataram que os ratinhos “sem germes” apresentavam inflamações dos pulmões e do cólon semelhantes à asma e à colite e que esse estado se devia à hiperactividade de um certo tipo de linfócitos T já associados a estas doenças noutros estudos. Mas, mais importante ainda, descobriram que quando expunham os ratinhos sem germes aos micróbios logo durante as primeiras semanas de vida, o seu sistema imunitário normalizava-se e essas doenças não surgiam – o que não acontecia quando os animais só eram expostos aos micróbios já na idade adulta. A protecção imunitária obtida no primeiro caso era, para mais, de longa duração.

“Estes estudos mostram a importância crucial de um condicionamento imunitário adequado por micróbios logo nas primeiras fases da vida”, diz Blumberg. Porém, os cientistas permanecem prudentes, salientando que ainda serão precisos estudos em humanos.

Fonte: http://www.publico.pt/Ciências/contacto-precoce-com-germes-bom-para-a-saude--1539008

Ficha de leitura Nº7 (2º Período)

Pesquisador: Joel Joaquim

Assunto: Cancro da mama

Descoberto mecanismo que leva cancro da mama aos ossos

Em 70 a 80 por cento dos casos de cancro da mama avançado, as células malignas espalham-se e formam tumores nos ossos. Agora, cientistas da Universidade de Princeton, nos EUA, acabam de descobrir um mecanismo envolvido na metastatização óssea que poderá abrir o caminho a novas formas de bloquear este processo.

Yibin Kang e colegas — uma das equipas norte-americanas que fazem parte do programa de investigação do cancro da Fundação Champalimaud — anunciam on-line na revista Cancer Cell (o artigo será publicado na edição de Fevereiro em papel) que descobriram que uma proteína das células tumorais, chamada Jagged1, dá às células ósseas “instruções” para se autodestruírem, impedindo a normal regeneração do tecido ósseo. A metastatização óssea também é frequente nos doentes com cancros avançados da próstata, do pulmão e da pele.

“Não temos muitos tratamentos para oferecer às doentes [com cancro da mama]”, diz Kang em comunicado. “Os médicos conseguem aliviar os sintomas destes cancros ósseos, mas pouco mais. Os nossos resultados sugerem que poderá haver novas formas de tratamento” que permitam parar, ou pelo menos abrandar, o crescimento dos tumores ósseos, “neutralizando o poder destrutivo da Jagged1”, salienta o cientista.


Fonte: http://www.superinteressante.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=422:descoberto-mecanismo-que-leva-cancro-da-mama-aos-ossos&catid=2:noticias&Itemid=76

Ficha de leitura Nº6 (2º Período)

Pesquisador: Joel Joaquim

Assunto: Cancro da mama

Primeiro bebé sem gene do cancro da mama

Espanha deu um passo no sentido de abrir mais a porta à selecção de embriões. Um casal recorreu à procriação medicamente assistida para garantir que teria um bebé livre de uma mutação genética fortemente relacionada com o cancro da mama e que afectou várias pessoas da mesma família. O bebé, um rapaz, nasceu no final de 2010 mas só agora os investigadores catalães vieram dar a conhecer o caso, noticia o diário espanhol El Mundo. Em Portugal não há [qualquer] situação semelhante.

Em causa está o gene BRCA1 que, à semelhança do gene BRCA2, leva a que os seus portadores (em especial as mulheres, mas também alguns homens) tenham uma probabilidade acrescida de virem a desenvolver tumores da mama, ovário ou pâncreas. No caso do cancro da mama hereditário, há 60 por cento de hipóteses de os portadores da mutação genética virem a sofrer da doença e 20 por cento de terem cancro nos ovários, refere o El País. Em 99 por cento dos casos a doença afecta as mulheres, mas pode ser bastante mais grave nos homens.

Este era precisamente o caso do casal que recorreu ao Programa de Reprodução Assistida de Puigvert-Sant Pau de Barcelona para colocar um ponto final no historial de cancro que tinha na sua família e que estava relacionado com o BRCA1.


Fonte: http://www.superinteressante.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=478:primeiro-bebe-sem-gene-do-cancro-da-mama-&catid=2:noticias&Itemid=76

Ficha de leitura Nº5 (2º Período)

Pesquisador: Joel Joaquim

Assunto: SIDA

Projeto para curar a SIDA financiado pela fundação Gates

Com cem mil dólares no primeiro ano e, se correr bem, talvez mais um milhão para chegar à aplicação clínica, uma equipa de cientistas portugueses espera conseguir vencer de vez o vírus da sida.

João Gonçalves, 44 anos, investigador do Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Universidade de Lisboa, não escondia o seu entusiasmo quando, esta manhã, falou ao telefone com o PÚBLICO. Sabia que, ao fim da tarde, no âmbito dos seus Grand Challenges Explorations, a Fundação Bill e Melinda Gates anunciaria oficialmente que o seu projecto tinha sido um dos 88 escolhidos entre 2500 vindos do mundo inteiro para receber financiamento.

O projecto insere-se na categoria de concepção de “novas abordagens para curar a infecção pelo HIV”, uma das seis definidas por aquela prestigiada entidade norte-americana para esta ronda de bolsas (a sexta desde que a Fundação lançou a iniciativa).

Pode parecer muito arrojado falar em “cura” quando se fala de sida, mas é exactamente essa a meta da equipa de João Gonçalves: “encontrar as células infectadas pelo HIV, mesmo que ele esteja completamente adormecido, e matar essas células”.

Fonte: http://www.superinteressante.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=560:projecto-para-curar-sida-financiado-pela-fundacao-gates-&catid=2:noticias&Itemid=76



Ficha de leitura Nº4 (2º Período)

Pesquisador: Joel Joaquim

Assunto: Sarampo

Vacina contra sarampo antecipada para os 12 meses

A Direcção-Geral da Saúde decidiu antecipar a vacina contra o sarampo dos 15 para os 12 meses, uma medida que entrará em vigor em 2012 e que coincide com um alerta relacionado com um surto da doença na Europa.
De acordo com Graça Freitas, sub-directora geral da Saúde, foi apresentada uma proposta técnica para que a partir de 1 de Janeiro de 2012 haja uma antecipação da primeira dose da vacina tripla contra o sarampo, a papeira e a rubéola.
Graça Freitas refere que a situação de Portugal face ao sarampo é pacífica, uma vez que não há casos registados à excepção de dois importados, um deles apenas de passagem.

Fonte:http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/interior.aspx?content_id=2168261

Ficha de leitura Nº3 (2º Período)

Pesquisador: Joel Joaquim

Assunto: Malária

Casos de malária quase duplicam em São Tomé e Príncipe

Pelo menos 1128 pessoas foram infectadas só em Janeiro deste ano por malária, quase o dobro do registado no mesmo período do ano passado, revelou a coordenadora são-tomense do programa de luta contra o paludismo, Maria de Jesus Trovoada.

"Não é um resultado que nos agrada, estamos nessa luta rumo à eliminação [da doença] e todos os casos que vão surgindo são de extrema preocupação para nós", disse a coordenadora de luta contra o paludismo, Maria de Jesus Trovoada, que se escusou a revelar o numero de óbitos registados.

"Nós hoje mais do que nunca estamos muito mais vulneráveis, uma vez que já perdemos a imunidade que tínhamos adquirido ao longo dos anos e isso coloca-nos muito mais predispostos à infecção", explicou Maria Trovoada.

Neste encontro foram definidas novas estratégias de luta contra a malária e uma delas passa pela substituição do produto usado na pulverização das casas e edifícios públicos


Fonte:http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/interior.aspx?content_id=2311385

Ficha de leitura Nº2 (2º Período)

Pesquisador: Joel Joaquim

Assunto: Imunidade relacionada com o VIH

Pequena proteína poderá ser a chave de casos raros de imunidade natural


Os cientistas descobriram que variações em cinco aminoácidos ácidos numa proteína chamada HLA-B estavam ligadas à imunidade natural ao VIH.

"Descobrimos que, entre os três mil milhões de nucléotidos - componentes elementares do ADN - que se encontram no genoma humano, apenas um punhado faz a diferença entre as pessoas que podem ficar de boa saúde sem tratamento, apesar de uma infeção com o VIH", afirmou Bruce Walker, co-autor do estudo e director do Instituto Ragon, em Boston, nos Estados Unidos.

Para identificar as diferenças genéticas que poderão conferir a imunidade rara, uma equipa internacional de investigadores recrutou 3500 pessoas em diferentes clínicas do mundo, das quais 2500 sofriam de uma infecção progressiva do vírus da sida.

Recorrendo ao vasto estudo comparativo dos genomas, que testa as variações genéticas num milhão de pontos do genoma humano, os cientistas identificaram cerca de 300 sítios estatisticamente ligados ao controlo imunitário do VIH.

Estes sítios estão todos na região do cromossoma 6, que codifica as proteínas ditas HLA.


Fonte: http://www.destak.pt/artigo/79518-pequena-proteina-podera-ser-a-chave-de-casos-raros-de-imunidade-natural

Vacina suspeita foi dada a 780 mil crianças em Portugal

Ficha de leitura Nº1 (2º Período)

Pesquisador: Joel Joaquim

Assunto: Imunidade

Cerca de 2,8 milhões de vacinas Prevenar foram administradas em Portugal a 780 mil crianças, segundo o laboratório que as comercializa, que garante não existir para já uma relação direta entre o produto e a morte de um bebé.

Num esclarecimento solicitado pela Lusa a propósito da morte de uma criança de cinco meses que tinha recebido as vacinas Prevenar (contra infeções graves causadas por Streptococcus pneumoniae, incluindo a meningite e bacteriémia) e RotaTEQ (previne a gastroenterite), a Pfizer assegurou que "revê e monitoriza minuciosa e constantemente todos os seus medicamentos e vacinas preconizando a segurança enquanto prioridade máxima".

"Estamos neste momento a avaliar esta situação em colaboração com as autoridades competentes", adianta o esclarecimento de um dos maiores laboratórios do mundo.

Segundo a empresa, "até à presente data, não foi encontrada qualquer relação directa e causal entre a administração de Prevenar 13 e um acontecimento adverso fatal".

A Prevenar 13 está aprovada na Europa desde dezembro de 2009 e, com base na sua fundamentação científica, "tem um perfil de segurança bem estabelecido e está associada a comprovados benefícios de saúde quando amplamente utilizada".

"As vacinas pneumocócicas conjugadas, Prevenar e Prevenar 13, estão atualmente disponíveis em mais de 100 países em todo o mundo e integram o plano nacional de vacinação da criança em mais de 50 países", prossegue o laboratório.


Fonte: http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=2376673&seccao=Sa%FAde



sábado, 24 de março de 2012

Epigenética começa nova busca por genes ligados ao câncer

Ficha de leitura nº22
Assunto: Cancro e Genes
Pesquisadora: Daniela Carvalho
Fonte: http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=epigenetica-busca-genes-ligados-cancer&id=7567

Tabuleiro vazio

O câncer é geralmente atribuído a genes defeituosos, mas evidências da epigenética indicam que as proteínas que silenciam genes desempenham um papel fundamental no processo.

Um novo estudo promete acelerar as pesquisas na área identificando rapidamente os genes que as proteínas epigenéticas podem ter como alvo para silenciamento.

"A epigenética do câncer é um campo novo, e ainda estamos lidando com o básico," diz o Dr. Jianpeng Ma, professor de bioengenharia da Universidade Rice (EUA).

"É algo como um tabuleiro de jogo. Até agora, nós entendemos algumas das regras e vimos algumas das peças, mas o tabuleiro do jogo propriamente dito está praticamente vazio," diz ele.

Alterações epigenéticas

Enquanto muitos cânceres têm sido associados a mutações na sequência do DNA de genes específicos, as alterações epigenéticas não envolvem mutações genéticas.

Em vez disso, a epigenética permite que duas células com sequências de DNA idênticas se comportem de maneiras completamente diferentes.

As proteínas epigenéticas efetivamente editam o genoma, desligando genes que não são necessários.

Esse processo de edição é o que permite aos seres humanos terem células especializadas - como as células nervosas, células ósseas, células do sangue etc. - que têm aparência e comportamento diferentes, ainda que compartilhem o mesmo DNA.

Proteínas epigenéticas

Os principais "jogadores" epigenéticos nesse tabuleiro do câncer a que o pesquisador se refere são uma família de proteínas chamadas PcG (polycomb-group).

As PcGs são encontradas bem no interior do núcleo das células, em uma câmara onde o DNA é armazenado.

Estudos descobriram níveis anormalmente elevados de PcGs em algumas das formas mais agressivas de câncer de mama e de próstata.

As PcGs são generalistas, que podem ser chamadas para silenciar qualquer um dentre várias centenas a vários milhares de genes.

Elas são recrutadas para essa tarefa pelos PREs (polycomb response elements), segmentos de DNA que estão localizados nas proximidades dos genes das proteínas que serão a seguir silenciados.

E é aqui que o tabuleiro fica em branco.

Preditor epigenético

Embora os cientistas saibam que existem literalmente centenas de milhares de potenciais PREs em qualquer genoma - incluindo tudo, desde simples insetos até os seres humanos - apenas uns poucos deles foram encontrados até agora.

"Até agora, apenas dois PREs foram verificados experimentalmente em mamíferos - um em camundongos e um em humanos," diz Jia Zeng, pesquisador da Universidade de Baylor."Nós suspeitamos que há muitos deles, mas encontrá-los tem sido difícil."

"Um dos maiores desafios desde a conclusão do Projeto Genoma Humano é como garimpar informações úteis da enorme quantidade de dados genômicos," diz Ma.

Mas eles parecem estar no caminho certo, desenvolvendo um novo programa de computador, chamado EpiPredictor, que "digere" os dados do genoma e devolve alvos potenciais para a validação experimental.

No exemplar deste mês da revista científica Nucleic Acids Research, a equipe mostra que o programa consegue identificar com precisão genes específicos afetados pelas proteínas epigenéticas.

Agora é só ter paciência e testar cada um dos resultados, em busca de novos alvos para atuação contra o câncer - ficará mais fácil jogar assim que o tabuleiro estiver com todas as peças, garantem os cientistas.

Investigadores de Évora quantificam níveis de alergénios no ar

Ficha de leitura nº 11
Assunto: Alergénios
Pesquisadora: Sara Alberto



Um projecto do Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas da Universidade de Évora (ICAAM), premiado pela Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica e pela Merck Sharp & Dohme, desenvolveu novos métodos para quantificar alergénios de pólens de gramíneas e oliveira.





Investigadores do Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas da Universidade de Évora (ICAAM) desenvolveram metodologias de quantificação de alergénios de pólens de gramíneas e oliveira, responsáveis por um elevado número de problemas alérgicos.

Este trabalho, integrado num projecto europeu, foi premiado pela Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica e pela Merck Sharp & Dohme, “um reconhecimento por parte de duas entidades fundamentais nesta área do conhecimento”, refere Rui Brandão ao Ciência Hoje.
Segundo o coordenador do grupo de trabalho do ICAAM, a possibilidade de quantificação dos níveis de alergénios no ar atmosférico constitui um “avanço importante” relativamente à tecnologia actualmente utilizada para a elaboração dos boletins polínicos. Estes boletins informam os profissionais de saúde e as populações sobre a presença de alergénios no ar, tornando possível evitar o contacto com estas substâncias responsáveis pelo desenvolvimento das doenças alérgicas respiratórias, como a asma ou a rinite alérgica.

“Conseguir-se uma monitorização directa da própria quantidade de aeroalergeno no ar atmosférico, em vez de ser pelas actuais estimativas assentes na quantificação de partículas polínicas, abre perspectivas para uma automatização parcial do processo analítico”, afirma o professor auxiliar do departamento de Biologia da Universidade de Évora.

Para quantificar os níveis de alergénios no ar é necessário realizar “um procedimento de captação de amostras de ar atmosférico mediante colectores associados a bombas de sucção de alto débito”; “um procedimento de extracção do material que se quer analisar nas amostras e que está em filtros; “um processo de identificação do material extraído e que se realiza geralmente com recurso a imunoensaios e microscopia; e “um procedimento de análise de resultados e respectiva interpretação”, enumera Rui Brandão.

De acordo com o responsável, a ideia para o trabalho que realizou com Ana Filipa Lopes, Célia Antunes, Cátia Coelho, Elsa Caeiro e Raquel Ferro, surgiu “há bastante tempo e vários têm sido os projectos realizados por muitas equipas para desenvolvimento de tecnologias capazes de concretizar essa ideia”.

Os próximos passos na investigação incluem o “desenvolvimento de modelos ‘ex-vivo’ para averiguação da resposta celular a extractos de aeroalergenos ambientais; a “monitorização da sintomatologia em doentes com asma e rinite alérgica mediante questionários on-line e sua correlação com os aeroalergenos”; a “identificação e quantificação automática de partículas polínicas por sistemas de microscopia óptica”, avança o vice-presidente da Associação Europeia de Aerobiologia.

Exposição a micróbios reforça a saúde das crianças


Ficha de leitura nº10
Assunto: Defesa do organismo
Pesquisadora: Sara Alberto



Uma equipa de investigadores alemães e americanos revela num artigo publicado na revista «Science» que a exposição a microrganismos na infância favorece o fortalecimento do sistema imunitário. Excesso de higiene poderá levar a doenças como asma ou problemas intestinais, que não podem ser revertidos na idade adulta.







Já diz o ditado: “O que não mata, engorda!” Uma equipa de cientistas norte-americana e alemã afirma que os micróbios reforçam a futura saúde das crianças, impedindo que contraia determinadas doenças inflamatórias, como asma ou problemas intestinais. O estudo foi publicado na revista «Science».

Segundo os investigadores, as crianças que vivem no campo e são expostas ao pó e outro tipo de sujidade e, consequentemente, a uma variedade de micróbios, têm menos doenças inflamatórias do que as que vivem na cidade. O excesso de limpeza poderá ser prejudicial, tendo em conta o estudo, coordenado por Dennis Kasper e Richard Blumberg, da Escola de Medicina da Universidade Harvard, realizado com ratinhos. E a futura exposição a microrganismos na fase adulta não reverte o quadro das doenças inflamatórias, várias delas crónicas.
O grupo de investigação estudou diferentes roedores praticamente livres de micróbios, criados em condições estéreis e que recebiam comida sem germes, comparativamente a outros que viviam em condições mais naturais.

A exposição a micróbios desde cedo alterou os níveis de células T, de defesa do organismo. E, ao contrário do que se poderia imaginar, os animais livres de micróbios tiveram índices mais altos de inflamação nos pulmões e colón (asma e colite). A ocorrência pode ser explicada como sendo obra das células T, que foram excessivamente zelosas na defesa do organismo e provocaram o problema em vez de resolvê-lo.

A hipótese da higiene

Para testar a "hipótese do excesso de higiene", a equipa expôs filhotes de ratinhos a micróbios típicos do meio ambiente e, como resultado, o sistema de defesa destes manifestou-se na prevenção de doenças inflamatórias.

No entanto, o resultado não é o mesmo quando animais adultos que foram preservados em criança são expostos. Em falta dos micróbios benéficos, o organismo produz uma substância conhecida como CXCL 16, geralmente associada a inflamações e o que sobra da molécula poderia estar ligado à acumulação de células T. Para os investigadores, a ocorrência deve-se à "educação" do sistema de defesa do organismo, durante as primeiras semanas de vida.

Os autores do estudo afirmam que o CXCL 16 é um factor que, na presença de micróbios, regula a quantidade e a função das células T no cólon e nos pulmões, "e, consequentemente, a susceptibilidade à inflamação dos tecidos".

Portugueses colaboram em estudo sobre bactéria multiresistente


Ficha de leitura nº9
Assunto: Bactérias resistentes a antibióticos
Pesquisadora: Sara Alberto



Estudo do Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa revela, através de microscopia de fluorescência, uma forma de tratar infeções provocadas pela bactéria Staphylococcus aureus resistente à meticilina (SARM). Portugal apresenta as estirpes mais resistentes.






Uma equipa de investigadores do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB), da Universidade Nova de Lisboa em Oeiras, colaborou no estudo, publicado hoje na «Science Translational Medicine», uma publicação da AAAS, onde se dá a conhecer um novo fármaco, que, co-administrado com um antibiótico disponível actualmente, poderá tratar as infecções provocadas pela bactéria Staphylococcus aureus resistente à meticilina, também conhecida pela sigla SARM.
Em conversa com o «Ciência Hoje», Mariana Pinho, explicou que o que a sua equipa fez foi tentar perceber os mecanismos dos compostos que, agindo sinergeticamente, quebram a resistência da bactéria.
A propagação das infecções de SARM, é um problema “difícil de combater”. A sua maior proliferação é no meio hospitalar. Nos Estados Unidos, por exemplo, “morrem por ano mais pessoas devido a infecções com esta bactéria do que devido ao HIV e à tuberculose juntos”, informa a investigadora.
Em Portugal não existem dados sobre as mortes. No entanto, as bactérias Staphylococcus aureus que foram isoladas nos hospitais eram resistentes a antibióticos. “Portugal tem as estirpes mais resistentes a nível europeu”, sublinha.
“O que caracteriza a nossa investigação são os estudos por microscopia de fluorescência”. Ou seja, “olhamos para o que se passa dentro da bactéria” para tentar perceber quais os mecanismos pelos quais os compostos combatem a resistência da bactéria.
“É muito caro desenvolver novos antibióticos” para colmatar os que deixaram de funcionar. Por isso é uma “vantagem óbvia” associar um fármaco a outro que já exista, “principalmente se já passou nos ensaios clínicos”, diz a investigadora.

Mariana Pinho
A combinação estudada pela equipa liderada por Christopher Tan, do Merck Research Laboratories, em Kenilworth, Nova Jérsia, é de um novo fármaco chamado PC190723 com uma classe de antibióticos usados actualmente chamados beta-lactamas.
A combinação de ambos ressensibiliza a SARM através de um “efeito dominó”, onde o primeiro bloqueia a expressão da proteína FtsZ da divisão celular, que danifica uma segunda proteína chamada PBP2. Como esta é necessária para a resistência aos antibióticos beta-lactâmicos, o facto de interferir na sua actividade torna a SARM novamente sensível.
A inativação da proteína FtsZ parece também inibir o crescimento e a viabilidade de SARM. Esses dois antibióticos agem sinergeticamente, o que significa que seus efeitos combinados de combate a SARM são muito maiores do que os efeitos de cada fármaco separadamente. Além disso, é necessário uma quantidade substancialmente menor de cada um para combater a infecção.
Esta investigação é um primeiro passo para a criação de um medicamento contra as infecções por SARM. No entanto, diz Mariana Pinho, isso ainda pode demorar anos, visto não estar ainda em fase de ensaios clínicos.

Pesquisa identifica falha genética que deixa cérebro de autistas maior

Ficha de leitura nº21

Assunto: Autismo e Genética
Pesquisadora: Daniela Carvalho
Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/03/pesquisa-identifica-falha-genetica-que-deixa-cerebro-de-autistas-maior.html

Um estudo publicado nesta quinta-feira (22) revelou um mecanismo genético por trás do autismo que ainda não era conhecido da ciência. Descobertas como esta sempre deixam a medicina um passo mais perto de novos tratamentos para o problema.

O autor do estudo, Eric Courchesne, da Universidade da Califórnia em San Diego, nos EUA, há tempos investiga as diferenças no tamanho do cérebro dos autistas. O cérebro de quem tem a desordem é maior do que o normal, com excesso de neurônios em uma região chamada "córtex pré-frontal", que é associada ao desenvolvimento social e comunicativo.

Na atual pesquisa, publicada pela revista científica “PLoS Genetics”, a equipe de Courchesne identificou a causa desta diferença. Os genes que controlam a quantidade de células do cérebro não se expressa normalmente, enquanto o gene que organiza os padrões do córtex pré-frontal não funciona.

“Os caminhos genéticos desregulados que encontramos nas idades mais jovens do autismo fundamentam o excesso de neurônios – e crescimento exagerado do cérebro – associado a esta desordem”, afirmou Courchesne, em material de divulgação de sua universidade.

Embora o autismo seja uma desordem hereditária, os mecanismos genéticos ligados a ele ainda não são bem conhecidos pelos cientistas – há relativamente poucos estudos disponíveis abordando este aspecto.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Amamentação reduz risco genético de Otite


Ficha de leitura nº9
Unidade: Reprodução humana e manipulação da fertilidade
Assunto: Amamentar
A amamentação protege crianças que, por predisposição genética, são mais vulneráveis a infecções no ouvido, refere um estudo da University of Texas Medical Branch em Galveston, EUA, publicado na revista científica “Pediatrics”.
Pesquisadora: Mariana Joaquim
"Cerca de 19% das crianças têm tendência familiar para infecções crónicas, a chamada otite média. Os cientistas já sabiam que os factores genéticos desempenham um papel nessa propensão.
Neste estudo foram examinadas amostras genéticas de 505 crianças, 60% das quais consideradas susceptíveis a infecção, porque tinham sofrido do problema antes dos seis meses de vida; tinham passado por três ou mais episódios da doença num período de seis meses; por quatro ou mais episódios em 12 meses; ou tinham sido alvo de seis ou mais episódios quando completaram os seis anos.
“Como sabemos que existe uma tendência familiar para estas infecções, procurámos encontrar pequenas variações, que designamos de Polimorfismo Nucleótido Simples (SNP), em três genes importantes que produzem moléculas que alertam o sistema imunitário de inflamação”, explicou o líder da investigação, Janak A. Patel, professor de Doenças Infecciosas, acrescentando que duas delas sobressaíram como “sinais de risco aumentado”.
Os dois genes identificados geram as proteínas imunes conhecidas como Factor de Necrose Tumoral alfa (TNF-alfa) e a interleucina-6 (IL-6). A presença do SNP num gene era suficiente para aumentar o risco de infecção no ouvido das crianças e a presença nos dois genes ainda aumentava mais esse risco.
No entanto, segundo os cientistas, a grande descoberta reside no facto de a amamentação neutralizar esses problemas, ao reforçar o sistema imunitário, mesmo em crianças com todos os polimorfismos genéticos. “Não só são neutralizados (os perigos de infecção) enquanto são amamentadas, como também ao longo do crescimento”, explicou."

Excesso de limpeza pode levar a doenças inflamatórias

Ficha de leitura nº9
Unidade: Imunidade e controlo de doenças
Assunto: Hipótese da higiene
Crianças criadas em fazendas têm menos doenças inflamatórias que as que crescem em cidades, pois são expostas a uma variedade maior de micróbios, segundo a "hipótese da higiene".
Pesquisadora: Mariana Joaquim
"Isso explicaria o aumento dessas doenças em ambientes urbanos nas últimas décadas. O excesso de limpeza poderia ser até prejudicial, segundo essa visão.
E não adianta adiar o encontro com os micro-organismos. A exposição a eles na fase adulta não reverte o quadro das doenças inflamatórias, várias delas crónicas.
Isso acaba de ser claramente demonstrado em uma série de experimentos feitos com camundongos.
Os pesquisadores estudaram roedores praticamente livres de micróbios, criados em condições estéreis e recebendo comida sem germes, além de seus colegas em condições mais naturais.
O estudo foi coordenado por Dennis Kasper e Richard Blumberg, da Escola de Medicina da Universidade Harvard, e publicado na revista especializada "Science".
A exposição a micróbios desde cedo alterou os níveis de células de defesa do organismo, as chamadas células T assassinas naturais.
Ao contrário do que se poderia imaginar, os camundongos sem micróbios tiveram índices mais altas de inflamação dos pulmões e do colón, semelhantes à asma e à colite.
Isso foi obra de células T excessivamente zelosas na defesa do organismo - tanto que causaram um problema em vez de resolvê-lo.
Para testar a "hipótese da higiene", a equipe expôs filhotes de camundongos aos micróbios de praxe. O resultado foi um sistema de defesa com sintonia mais adequada e a prevenção dessas doenças inflamatórias.
Fazer a mesma coisa com camundongos adultos não deu certo, mas a proteção aos filhotes "microbizados" foi duradoura. Na falta dos micróbios "do bem", o organismo produziu um excesso de uma substância conhecida como CXCL 16, vinculada à inflamação. A sobra da molécula poderia estar ligado ao acúmulo das células T.
Para Blumberg, foi surpreendente encontrar esse sinal microbiano "crítico", que está ligado à "educação" do sistema de defesa do organismo, durante as primeiras semanas de vida.
Os autores do estudo afirmam que o CXCL 16 é um fator que, na presença de micróbios, regula a quantidade e a função das células T no cólon e nos pulmões, "e, consequentemente, a suscetibilidade à inflamação dos tecidos". Mas eles lembram que o mecanismo exato pelo qual os micróbios causam isso ainda é desconhecido.
E é isso que eles estão a tentar estudar agora."

Espermatozoides sabem realizar cálculos complexos, dizem cientistas


Ficha de leitura nº8
Unidade: Reprodução humana e manipulação da fertilidade
Assunto: Espermatozoides
Cientistas determinaram que quando o óvulo libera emissores químicos que modificam a concentração de iões cálcio no interior dos espermatozoides eles reagem às suas variações
Pesquisadora: Mariana Joaquim
"Uma equipe de pesquisadores do Instituto Max Planck alemão, liderada pelo espanhol Luis Álvarez, descobriu que os espermatozoides são capazes de realizar cálculos complexos.
Os cientistas do Centro Europeu de Estudos e Pesquisa Avançadas de Bonn determinaram que quando o óvulo libera emissores químicos que modificam a concentração de íons cálcio no interior dos espermatozoides (o que ativa sua movimentação), eles não reagem ao aumento dos níveis dessa substância, mas às suas variações.
"O que eles medem são as taxas de mudança ao longo do tempo, a rapidez ou a lentidão da alteração da concentração de cálcio que entra nos espermatozoides de seu exterior", disse à Agência Efe o cientista espanhol.
Assim, "em função do valor da taxa de mudança, alteram a forma como movimentam a cauda e mudam de direção. Em outras palavras, a direção dos espermatozoides é regulada pela velocidade da mudança de cálcio", explicou.
"Resulta bastante cômico pensar que o cálculo diferencial (ramo importante da matemática que se dedica ao estudo de taxas de variação de grandezas e a acumulação de quantidades) não era realizado até o século 18, mas os espermatozoides já faziam isso há mais de 400 milhões de anos", ressaltou.
Álvarez explicou que "os espermatozoides, como muitas outras células, fazem dezenas de cálculos". O fenômeno descoberto pela equipe foi observado por enquanto unicamente nos espermatozoides de várias espécies marítimas.
"É por isso que ainda estamos realizando esforços para conhecer quais espécies se comportam deste modo" e se este fenômeno também ocorre nos seres humanos, explicou o cientista.
Álvarez destacou que "o mecanismo que movimenta a cauda do espermatozoide foi conservado ao longo da evolução e se encontra em diferentes tipos de células do corpo humano".
"Estas células possuem extensões similares à parte final dos espermatozoides chamada cílios móveis, e desenvolvem diferentes funções", acrescentou.
Neste sentido, "é provável que estes cílios possuam estratégias parecidas a do espermatozoide para ajustar seu movimento como resposta a sinais", explicou.
Entre outras funções, eles "limpam nossas vias respiratórias empurrando a sujeira para o exterior, determinam que nosso coração fique do lado esquerdo e não do direito durante o desenvolvimento do embrião e empurram o óvulo das trompas até o útero".
Segundo Álvarez, a pesquisa é um passo importante no "entendimento de como as células processam os sinais que recebem".
Assim, "o cálculo da taxa de mudança é importante porque permite às células identificar e responder unicamente aos sinais que têm uma taxa de mudança adequada. Em termos técnicos, permite filtrar estímulos por freqüências", afirmou.
"As repercussões globais deste descobrimento... o tempo dirá", concluiu o pesquisador."

Pesquisa identifica solução para reverter calvície


Ficha de leitura nº7
Unidade: Património genético
Assunto: Cura para calvície

Pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, descobriram uma pista biológica para a calvície que poderia levar à descoberta de um tratamento para interromper ou até mesmo reverter o afinamento dos cabelos.

Pesquisadora: Mariana Joaquim
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/bbc/2012/03/22/pesquisa-identifica-pista-para-droga-para-reverter-calvicie.jhtm

"Em análises com homens calvos e ratos de laboratório, os cientistas americanos descobriram uma proteína que leva à perda de cabelos.
Segundo os pesquisadores, drogas que seguem esse caminho já estão em desenvolvimento.
O estudo, publicado na revista especializada Science Translational Medicine, poderia levar a um creme para tratar a calvície.
Proteína identificada
A maioria dos homens começa a perder os cabelos na meia-idade. Até os 70 anos, 80% dos homens enfrentam alguma perda de cabelo.
A hormona sexual masculina (testosterona) tem um papel importante no processo, assim como os fatores genéticos.
Eles provocam a diminuição dos folículos capilares, até que eles se tornem tão pequenos que parecem invisíveis, levando à aparência da calvície.
Os pesquisadores da Universidade da Pensilvânia analisaram quais genes são ativados quando os homens começam a perder os cabelos.
Eles verificaram que os níveis de uma proteína-chave chamada prostaglandina D sintetase são elevados nas células dos folículos capilares localizados em áreas calvas do couro cabeludo.
Testes clínicos
Camundongos criados para ter níveis altos da proteína ficaram completamente calvos. Cabelos humanos transplantados também pararam de crescer ao receber a proteína.
A inibição do crescimento do cabelo seria ativada quando a proteína se liga a um receptor nas células dos folículos capilares.
"Essencialmente, mostramos que a proteína prostaglandina era elevada no couro cabeludo calvo dos homens e que ela inibia o crescimento capilar. Então identificamos um alvo para o tratamento da calvície masculina", afirma o dermatologista George Cotsarellis, coordenador do estudo.
"O próximo passo será procurar compostos que afetam esse receptor e também descobrir se bloquear esse receptor poderia reverter a calvície ou somente preveni-la. Esta é uma questão que poderá levar um tempo para ser respondida", diz.
Segundo ele, várias drogas que seguem essa pista já foram identificadas e algumas já estão na fase de testes clínicos."

Treino dos músculos segura urina


Ficha de leitura nº6
Unidade: Reprodução humana e manipulação da fertilidade/ Imunidade e controlo de doenças
Assunto: Hospital de Leiria: Exercício físico evita cirurgia
Em cada dez mulheres com filhos, duas ficam com incontinência urinária após o parto, o que pode ser curado através da exercitação muscular. O Hospital de Santo André (HSA), em Leiria, proporciona esse tratamento através do Serviço de Medicina Física e Reabilitação, onde funcionam as consultas de reeducação do pavimento pélvico.
Pesquisadora: Mariana Joaquim

"Este tratamento inclui sessões individuais em que o doente aprende, com a ajuda de uma sonda, a contrair os músculos de suporte da zona pélvica, que têm a característica de se entrelaçar entre si, servindo de reforço e de fecho do períneo.
A fase seguinte é constituída por exercícios de trabalho muscular, de correcção postural, abdominal e do períneo. A maior parte dos doentes são mulheres, já que o tratamento se destina a quem sofre de incontinência urinária de esforço ligeira, causada quase sempre pelo parto, ou que surge na menopausa.
"A incontinência urinária ocorre em qualquer situação de perda de urina, não se restringe a quem usa fralda, como os idosos", diz Lília Martins, directora do Serviço de Medicina Física e Reabilitação do HSA, adiantando que "não interessa a quantidade de urina que se perde, mas a perda em si mesmo".
A taxa de sucesso é elevada, verificando-se que 70 por cento dos doentes dizem-se curados e em 90 por cento dos casos há uma redução muito significativa das perdas, o que proporciona uma melhoria da qualidade de vida. Saliente-se que, após o tratamento no HSA, os doentes devem continuar a fazer o treino muscular.
"Não é vir fazer a aprendizagem e ir de férias. Deve-se fazer a contracção durante cinco segundos, várias vezes ao dia, respeitando a fadiga muscular", frisa Lília Martins, acrescentando que os exercícios podem ser feitos, por exemplo, enquanto se cozinha, se estende a roupa ou se fala ao telefone.
Esta forma de tratamento é uma alternativa à cirurgia e representa uma mais-valia do HSA, exigindo uma boa preparação, experiência e motivação dos fisioterapeutas.

O MEU CASO: REGINA S. ROSA

"NEM PODIA PEGAR NA BACIA DE ROUPA"

Desde o nascimento da segunda filha, agora com 23 anos, que Regina Santos Rosa sentia "pequenas perdas" de urina, mas nunca deu importância. Há uns tempos, notou que a situação se agravava quando fazia esforços e queixou-se ao ginecologista.

Fez exames e ficou a saber que sofria de incontinência urinária de esforço, tendo-lhe sido sugerido que fizesse uma cirurgia ou experimentasse as consultas de reeducação do pavimento pélvico no Hospital de Leiria.

"Fui experimentar a fisioterapia e ainda bem, porque resultou a 90 por cento e quero chegar ao sucesso total", conta Regina Santos Rosa, adiantando que aprendeu a treinar os músculos e agora já os consegue exercitar quase sem se aperceber.

"O cérebro está treinado e já faço a contracção do períneo sem dar conta", explica, salientando que "não é fácil aprender a controlar esses músculos, fazer a força certa no sítio certo, contrair e descontrair no momento exacto". Para trás ficaram os dias em que "não podia pegar numa bacia de roupa seca nem tocar com o pé numa cadeira que perdia logo urina".

Regina Santos Rosa arrepende-se de não se ter queixado mais cedo : "O meu mal foi deixar arrastar, porque afinal este problema é fácil de tratar".

PERFIL

Regina Santos Rosa reside na Moita, Marinha Grande, tem 50 anos, é casada e tem duas filhas, de 25 e 23 anos. Sofria de incontinência urinária de esforço desde o nascimento da segunda filha, mas só se queixou quando o caso piorou.

DISCURSO DIRECTO
"O VALOR GENÉTICO É IMPORTANTE", Lília Martins, Serviço Medicina Física e Reabilitação
Correio da Manhã – Este tratamento está a registar muita procura?
Lília Martins – Até agora foram observados 35 doentes e temos mais 20 primeiras consultas marcadas.
Os resultados são duradouros?
– A manutenção dos bons resultados depende da qualidade e persistência do trabalho individual, realizado em casa.

Pode falar-se em cura?
– A cura é rara, há sempre o espirro que molha e curado significa nunca perder urina. Mas há uma melhoria significativa, que se reflecte na qualidade de vidas das pessoas.

Pode dizer-se que é uma doença frequente?
– É uma situação clínica muito frequente
nas mulheres e durante anos foi considerada tema tabu. Há dez anos passou a ter
uma orientação terapêutica na área da reabilitação.
A incontinência urinária é hereditária?
– Há uma grande característica pessoal e familiar. Nós já herdamos a constituição dos tecidos. O valor genético é importante."

quinta-feira, 22 de março de 2012

Plantas também sofrem danos devido à poluição sonora, diz estudo


Ficha de leitura nº20

Unidade: Preservação e Recuperação do meio ambiente
Assunto: Poluição sonora e plantas

Pesquisa divulgada pela revista da Academia de Ciências do Reino Unido afirma que a poluição sonora causada por humanos pode causar grave impacto na sobrevivência das plantas, já que os métodos naturais de reprodução de vegetais seriam afetados.

Pesquisadora: Daniela Carvalho
Fonte: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2012/03/plantas-tambem-sofrem-danos-devido-poluicao-sonora-diz-estudo.html

De acordo com o estudo, realizado pelo Centro Nacional de Síntese Evolucionária (NESCent, na sigla em inglês), dos Estados Unidos, ruídos provenientes do tráfego intenso de veículos ou mesmo de máquinas afastariam animais de seus habitats, quando esses ficam próximos a áreas urbanas.

Essa fuga atrapalharia a distribuição de pólen entre flores, realizada por aves, e germinação de sementes de espécies como os pinheiros, feita mamíferos, como os roedores, o que pode levar à queda na população dessas plantas.

Muito barulho, pouca biodiversidade
A análise foi feita próxima a uma reserva do México. A região contém vários poços de extração de gás natural, muitos dos quais emitem alto som constantemente devido ao processo.

Os cientistas verificaram que nas áreas com mais barulho, algumas espécies de animais não se aproximavam, justamente aquelas que ajudavam na distribuição das sementes dessas árvores, pertencentes ao grupo das gimnospérmicas.

Segundo Clinton Francis, um dos autores do estudo, uma menor quantidade de árvores em áreas ruidosas acarretaria em menos plantas maduras e, consequentemente, uma redução drástica de habitats.

Novo exame de sangue pode prever infarto semanas antes

Ficha de leitura nº19
Assunto:Novo exame de sangue pode prever infarto semanas antes
Pesquisador: Daniela Carvalho

Fonte:http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/03/novo-exame-de-sangue-pode-prever-infarto-semanas-antes.html

Um novo exame de sangue pode ser útil para ajudar os médicos a prever quem está prestes a sofrer um infarto. A descoberta tem como base um estudo realizado pelo Instituto Scripps de Pesquisa, de La Rolla, na Califórnia, divulgado nesta quarta-feira (22), na revista "Science Translational Medicine".

Durante um infarto – ou ataque cardíaco - a pessoa sente dor no peito em pontadas, aperto ou queimação e tem sudorese. No Brasil, ao menos 300 mil pessoas morrem por ano em decorrência de doenças do coração, como o infarto e o AVC, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Os principais fatores de risco são o tabagismo, estresse, pressão alta, colesterol alto, diabetes, sedentarismo e a história de infarto na família.

A pesquisa americana conclui que as células provenientes da medula óssea e que circulam nos vasos sanguíneos de pacientes que sofreram ataques cardíacos tinham tamanhos diferentes e maiores do que o normal, além de frequentemente aparecerem com núcleos múltiplos. Isso indica que elas poderiam sinalizar um risco de ruptura da placa de gordura dentro da artérie – que causa o infarto.

"A capacidade de diagnosticar um ataque cardíaco iminente tem sido considerada o 'santo Graal' da medicina cardiovascular", disse ao G1 Eric Topol, principal pesquisador do estudo e diretor do instituto.

Segundo o especialista, a descoberta é importante e “pode ajudar a mudar o futuro da medicina cardiovascular”.

Metodologia
O estudo envolveu 50 pacientes que sofreram infartos em quatro hospitais de San Diego, na Califórnia. Os pesquisadores descobriram que as células do músculo cardíaco e as que circulam nos vasos sanguíneos tinham sido drasticamente alteradas nessa população quando comparado às de pessoas saudáveis.

Com co-autoria de médicos e cientistas da Scripps Health, e de um grupo de empresas do ramo da saúde, a pesquisa teve financiamento de US$ 2 milhões (R$ 3,6 milhões) do Instituto Nacional de Saúde (NIH, na sigla em inglês), dos Estados Unidos.

Os resultados podem ser considerados significativos, se for levado em conta que mais de 2,5 milhões de pessoas nos Estados Unidos sofreram um ataque cardíaco ou um AVC (acidente vascular cerebral), de acordo com Paddy Bennett, principal pesquisador do Instituto Scripps.

"A esperança é ter este teste desenvolvido para uso comercial no próximo ano ou em dois", afirma Raghava Gollapudi, MD, então principal pesquisador da Sharp HealthCare, uma das empresas envolvidas no estudo.

"Este seria um teste ideal para realizar na sala de emergência para determinar se um paciente está à beira de um ataque cardíaco ou prestes a sofrer um nas próximas duas semanas. Mas por agora só podemos testar para detectar se um paciente acabou de sofrer um ou teve recentemente um ataque cardíaco. "

Médico brasileiro questiona
O cardiologista Rui Fernando Ramos, diretor da Sociedade Paulista de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) não está tão otimista com o teste. Segundo ele, faltou avaliar mais pessoas que não tinham sofrido infarto para concluir, de fato, se elas poderiam apresentar previamente as mesmas deformidades nas células.

"A minha crítica que vai para a pesquisa é que eles têm que fazer outra experiência porque isso já envolveu pacientes infartados, entre os quais foi notado que as células eram deformadas. Mas isso não quer dizer que se eu for infartar daqui uma semana e colher o sangue hoje, minhas células estarão deformadas. Eles não tiveram a capacidade de confirmar a deformidade da célula no infarto agudo semanas antes da pessoa infartar”.

Mas Ramos reconhece que o estudo vai além ao detectar o formato anormal das células em pessoas que sofreram o infarto. Dado que pode ser significativo na hora de analisar exames de sangue.

Não há exames disponíveis no Brasil que possam detectar precocemente um infarto, segundo o médico. Por isso, a melhor maneira de manter-se longe do risco é fazer exames períodicos, se tiver casos na família, e cuidar do corpo e da alimentação, indica ele.

"Não fumar, fazer exercícios diários, manter uma alimentação saudável e a pressão arterial e a taxa de gordura no sangue baixas ajudam a evitar o acúmulo de gordura nas artérias".

Nova descoberta para o AVC
Um estudo da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, também divulgado nesta quarta, mostra um avanço em casos de AVC (acidente vascular cerebral). Pesquisadores da Escola de Medicina da universidade mostraram que a remoção de um conjunto de moléculas, que normalmente ajudam a regular a capacidade do cérebro para a formação e eliminação de conexões entre as células nervosas, pode ajudar consideravelmente na recuperação de um AVC até mesmo dias após o ocorrido.

O AVC, ou derrame cerebral, ocorre quando há um entupimento ou rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea adequada, em definição do Ministério da Saúde.

Em experiências com ratos, os cientistas demonstraram que quando estas moléculas não estão presentes, a capacidade dos camundongos de se recuperar melhorou significativamente.

Estes efeitos benéficos cresceram ao longo de uma semana após o AVC, o que sugere que, no futuro, os tratamentos, tais como as drogas concebidas para reproduzir os efeitos em seres humanos, podem funcionar mesmo vários dias após ocorrer um acidente vascular cerebral.

Para Corey Goodman, especialista em desenvolvimento de drogas que envolvem biotecnologia,o resultado da pesquisa é "animador". No entanto, ele adverte que a mesma metodologia em humanos demanda mais esforços.

"Para levar isso em testes em seres humanos você precisa de uma molécula que pode entrar no cérebro e isso é muito específico para os tipos de moléculas testadas".

Pesquisa reconstrói proteína que causa dependência da morfina

Ficha de leitura nº18
Assunto:Pesquisa reconstrói proteína que causa dependência da morfina
Pesquisador: Daniela Carvalho

Fonte:http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/03/pesquisa-reconstroi-proteina-que-causa-dependencia-da-morfina.html

Cientistas americanos reconstruíram a estrutura de duas proteínas nas quais atuam substâncias como a morfina, e que são responsáveis pela dependência destes produtos químicos.

O sistema nervoso, principalmente no encéfalo e na medula espinhal, abriga quatro tipos de proteínas, denominadas receptores opioides. Estes receptores são o alvo das drogas terapêuticas, que reagem com eles para produzir efeitos analgésicos, euforia e sedação.

Duas destas proteínas foram objeto de pesquisas realizadas por cientistas americanos, que tiveram seus resultados publicados nesta quarta-feira na revista "Nature".

Raymond Stevens, químico e biólogo do Instituto de Pesquisa The Scripps focou suas investigações na proteína Kappa, que interage com um tipo de alucinógeno de origem natural. Já Brian Kobilka, professor da Universidade de Stanford, estudou a proteína Mu, que se relaciona com substâncias como a morfina e a heroína.

Kobilka conseguiu reconstruir a estrutura da proteína Mu quando ela está inativa e observou que seu centro ativo é maior do que em outros receptores.

O estudo sobre o centro ativo é importante pois é nesse local que a proteína se une às moléculas que compõem as drogas derivadas do ópio, e entre elas se forma uma ligação que vai determinar em parte a potência da substância.

"O receptor opioide Mu é responsável pela da maioria dos efeitos, tanto benéficos como prejudiciais, das substâncias derivadas do ópio, como a morfina, a heroína ou a codeína, assim como de seus derivados químicos", explicou Kobilka à Agência Efe.

Embora esta proteína seja um antigo interesse do setor farmacêutico, os cientistas não têm ainda muita informação sobre ela.

"Ainda temos muito o que aprender sobre o funcionamento destes receptores do ponto de vista de sua estrutura. Nós reconstruímos os receptores quando a proteína está inativa, mas gostaríamos de investigá-las quando elas se ativam e se unem com as moléculas", explicou o cientista.

Os remédios derivados do ópio são os analgésicos mais eficazes para tratar a dor aguda e crônica, mas também causam um risco muito alto de dependência.

As pesquisas de Kobilka e Stevens são uma perspectiva única para que os laboratórios farmacêuticos elaborem remédios com melhores propriedades farmacológicas e que gerem uma menor dependência.

"Estas estruturas são um importante ponto de partida, mas ainda não entendemos as bases da dependência ao ópio. A questão agora é compreender como o enlace entre as proteínas e as moléculas dessas drogas influi nos processos de comunicação celular, que por sua vez atuam nos efeitos analgésicos e na dependência", finalizou Kobilka.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Ratos infectados por Toxoplasma perdem medo do predador

Ficha de Leitura n.º 10
Unidade: Imunidade e Controlo de doenças
Assunto: Ratos
Pesquisador: João Paraíso

"Cristina Afonso, da Fundação Champalimaud, publicou um estudo na revista PLoS ONE, onde revela que quando um animal é infectado por Toxoplasma sofre alterações no seu comportamento que podem aumentar a transmissão deste parasita.

O Toxoplasma aloja-se no cérebro e mantém-se dormente dentro de umas estruturas chamadas cistos, continuando o seu ciclo de vida quando o animal onde se aloja é comido por outro predador.

“Normalmente os ratinhos movem-se pouco de cada vez, já os animais infectados movimentam-se ininterruptamente durante períodos de tempo grandes”, explica a investigadora ao Ciência Hoje. Para além disso, a infecção por Toxoplasma provoca no hospedeiro roedor uma “redução das respostas de medo e de avaliação do risco ambiental”, isto é, os animais perdem comportamentos cautelosos.

Estas duas observações podem explicar o aumento, na natureza, da probabilidade de captura de animais infectados. “Não é difícil imaginar que um animal que se movimenta muito e não é cauteloso tenha uma maior probabilidade de ser detectado e capturado por predadores”, sublinha Cristina Afonso.

A equipa de investigadores que conduziu este estudo concluiu também que não existe uma acumulação de cistos parasitários numa região específica do cérebro mas existe uma relação entre a presença simultânea de cistos em determinadas áreas cerebrais e os comportamentos alterados. Isto quer dizer que “alguns comportamentos estão relacionados com a presença de cistos em determinadas áreas do cérebro” e “será a localização dos parasitas nestes circuitos que produzem estas alterações comportamentais”.

Este estudo mostra como uma infeção com um agente patogénico, neste caso um parasita, pode produzir alterações comportamentais no seu hospedeiro. Assim, há que ter em conta que “a resposta dos organismos a uma infeção pode ser bem mais complexa do que apenas combater localmente a infeção pois o organismo infectado irá responder como um todo”, explica Cristina Afonso. Por outro lado, “o facto de ser possível um parasita manipular um hospedeiro, que é um organismo muitíssimo mais complexo, é verdadeiramente interessante”, acrescenta.

Cristina Afonso
Cristina Afonso




















Segundo Cristina Afonso, a ideia para este trabalho surgiu após ter sido publicado um estudo no qual era descrita uma modificação do comportamento normal de ratinhos infectados com o parasita Toxoplasma. Este trabalho descrevia como ratinhos infectados (hospedeiros intermédios) perdiam o medo do seu predador, o gato. Acontece que o gato é o hospedeiro definitivo do parasita e foi sugerido que esta modificação do comportamento contribuiria para permitir a captura mais fácil do roedor infectado e assim assegurar uma transmissão mais fácil para o hospedeiro definitivo. Mas um outro estudo demonstrou que roedores selvagens infectados por Toxoplasma eram os primeiros a ser capturados em armadilhas. Isto sugeria que existem outros comportamentos que estão alterados em animais infectados e que não estão relacionados com a perda de medo do predador. Assim, a equipa da Fundação Champalimaud achou “importante descobrir que outros comportamentos eram alterados em consequência da infeção e que papel teria o parasita neste fenómeno”.

O próximo passo na investigação é agora “saber como é que estas alterações comportamentais são produzidas, tentar perceber qual o mecanismo envolvido”, avança a cientista."

Ratinhos infectados perdem o medo de gatos


Portugueses colaboram em estudo sobre bactéria resistente a fármacos

Ficha de Leitura n.º 9
Unidade: Imunidade e Controlo de doenças
Assunto: Bactérias
Pesquisador: João Paraíso

"Uma equipa de investigadores do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB), da Universidade Nova de Lisboa em Oeiras, colaborou no estudo, publicado hoje na «Science Translational Medicine», uma publicação da AAAS, onde se dá a conhecer um novo fármaco, que, co-administrado com um antibiótico disponível actualmente, poderá tratar as infecções provocadas pela bactéria Staphylococcus aureus resistente à meticilina, também conhecida pela sigla SARM.
Em conversa com o «Ciência Hoje», Mariana Pinho, explicou que o que a sua equipa fez foi tentar perceber os mecanismos dos compostos que, agindo sinergeticamente, quebram a resistência da bactéria.



“Portugal tem as estirpes mais resistentes a nível europeu” (mapa referente a um estudo de 2008)
“Portugal tem as estirpes mais resistentes a nível europeu” (mapa referente a um estudo de 2008)

Mariana Pinho
Mariana Pinho





















A propagação das infecções de SARM, é um problema “difícil de combater”. A sua maior proliferação é no meio hospitalar. Nos Estados Unidos, por exemplo, “morrem por ano mais pessoas devido a infecções com esta bactéria do que devido ao HIV e à tuberculose juntos”, informa a investigadora.
Em Portugal não existem dados sobre as mortes. No entanto, as bactérias Staphylococcus aureus que foram isoladas nos hospitais eram resistentes a antibióticos. “Portugal tem as estirpes mais resistentes a nível europeu”, sublinha.
“O que caracteriza a nossa investigação são os estudos por microscopia de fluorescência”. Ou seja, “olhamos para o que se passa dentro da bactéria” para tentar perceber quais os mecanismos pelos quais os compostos combatem a resistência da bactéria.
“É muito caro desenvolver novos antibióticos” para colmatar os que deixaram de funcionar. Por isso é uma “vantagem óbvia” associar um fármaco a outro que já exista, “principalmente se já passou nos ensaios clínicos”, diz a investigadora.

A combinação estudada pela equipa liderada por Christopher Tan, do Merck Research Laboratories, em Kenilworth, Nova Jérsia, é de um novo fármaco chamado PC190723 com uma classe de antibióticos usados actualmente chamados beta-lactamas.
A combinação de ambos ressensibiliza a SARM através de um “efeito dominó”, onde o primeiro bloqueia a expressão da proteína FtsZ da divisão celular, que danifica uma segunda proteína chamada PBP2. Como esta é necessária para a resistência aos antibióticos beta-lactâmicos, o facto de interferir na sua actividade torna a SARM novamente sensível.
A inativação da proteína FtsZ parece também inibir o crescimento e a viabilidade de SARM. Esses dois antibióticos agem sinergeticamente, o que significa que seus efeitos combinados de combate a SARM são muito maiores do que os efeitos de cada fármaco separadamente. Além disso, é necessário uma quantidade substancialmente menor de cada um para combater a infecção.
Esta investigação é um primeiro passo para a criação de um medicamento contra as infecções por SARM. No entanto, diz Mariana Pinho, isso ainda pode demorar anos, visto não estar ainda em fase de ensaios clínicos."

DNA de plantas revela que feijão surgiu no México

Ficha de Leitura n.º 8
Unidade: Património Genético
Assunto: Feijões
Pesquisador: João Paraíso


O Phaseolus vulgaris foi levado para Norte mais tarde. (Imagem: miRNEST)
O Phaseolus vulgaris foi levado para Norte mais tarde. (Imagem: miRNEST)
"Quando falamos de gastronomia mexicana o prato mais aclamado é o chilli (receita com feijão). Não é por acaso que esta leguminosa é tão importante na dieta deste país. Estudos realizados ao DNA de mais de uma centena de diferentes variedades de feijão, apontam o México como o centro da origem da planta.

Na tentativa de saber mais sobre a história deste produto alimentar, uma equipa do Centro de Investigação Agrícola italiano, liderada por Roberto Papa, estudou o genoma de de formas selvagens da planta em cinco diferentes regiões. O estudo vem publicado na edição electrónica da revista científica «PNAS».


Ao longo dos anos, arqueólogos e botânicos apostavam nos Andes – geralmente o centro de origem de plantas domésticas, como a batata –, como sendo o berço do feijão comum (Phaseolus vulgaris), defendendo que a planta teria sido posteriormente levada para o Norte. Recorde-se que antes de Cristóvão Colombo e Pedro Alves Cabral, a planta já era uma parte importante da dieta indígena em 1500.

Geralmente, quando um ser vivo se espalha de uma região para outra, as áreas por onde passa abrigam menos diversidade genética do que as de origem. É o caso do ser humano: os africanos são mais diversos geneticamente que os europeus, por exemplo.

No entanto, segundo um investigador que se tem dedicado ao estudo desta planta disse a um diário brasileiro, “a diversidade genética actual do feijão pode não ser um retrato preciso da origem da planta há milhares de anos”."