O parasita mais mortífero da malária em África revelou resistência a um dos medicamentos mais fortes disponíveis no mercado em testes de laboratório, revela um estudo, que alerta para o risco de perda de eficácia dos tratamentos.
Uma equipa britânica observou em laboratório a resistência do parasita Plasmodium falciparum ao arteméter (fármaco antimalárico) em análises sanguíneas realizadas a 11 dos 28 pacientes que ficaram doentes depois de terem viajado para países africanos, sobretudo da África Subsariana, o que consideram ser um "resultado estatisticamente significante".
Os resultados desta pesquisa foram hoje publicados no "Malaria Journal".
Os investigadores explicam que a resistência ao tratamento foi causada por mutações genéticas no parasita, transmitido por picadas de mosquitos infetados, o que poderá significar que "as melhores armas contra a malária poderão tornar-se obsoletas", mas alertam que esta situação carece de mais pesquisas e monitorização.
O parasita Plasmodium falciparum é responsável por 90 por cento das mortes por malária. E a África subsariana regista 90 por cento das mortes por malária ocorridas anualmente em todo o mundo.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 655 mil pessoas morreram em 2010 por malária, que é a quinta principal causa de morte nos países subdesenvolvidos.
A diabetes tipo 2 ligada com o excesso de peso progride mais depressa e é mais difícil de controlar nas crianças e adolescentes. O tratamento oral deixa de funcionar ao fim de alguns anos, concluiu um grupo de cientistas norte-americanos.
Durante quatro anos, o grupo de investigadores acompanhou cerca de 700 jovens com idades entre os 10 e 17 anos. Todos eles tinham excesso de peso, alguns eram mesmo obesos, refere a TSF.
A maioria pertencia a famílias com baixos rendimentos, vivia apenas com um dos pais e tinha casos de diabetes na família. Os jovens foram divididos em três grupos, cada um com tratamentos diferentes, e os resultados foram desanimadores.
Todos os grupos revelaram altos níveis de fracasso, ou seja, não conseguiam controlar o nível de açúcar no sangue.
Os cientistas não têm certezas quanto à causa deste problema, mas admitem que o crescimento rápido e as mudanças hormonais características da puberdade podem ajudar a explicar o fenómeno.
Um artigo do instituto de investigação oncológica do Reino Unido conclui num estudo publicado numa revista científica que 15% dos cancros pancreáticos foram curados graças ao uso de novos medicamentos.
Os resultados do estudo, publicados no jornal científico "Nature" mostram que o gene que impede as células de se multiplicarem descontroladamente, estava a ser "desligado" nas células cancerígenas.
O que os investigadores conseguiram, com o recurso às novas drogas, foi reativar este gene, o USP9x, segundo a BBC News.
Chineses criam ovelha transgénica com gordura que faz bem ao coração
Gene retirado de verme foi inserido na célula usada para fazer o
clone. País investe na produção de alimentos geneticamente modificados.
Cientistas chineses anunciaram nesta terça-feira (24) a clonagem de uma
ovelha contendo gordura poli-insaturada, um tipo de gordura “boa”
normalmente presente em castanhas, peixes e verduras, mas não em
ovelhas. A mais conhecida destas gorduras é o ômega 3, que ajuda a
regular os níveis de colesterol.
A criação do animal transgênico contribuiria para uma dieta mais saudável, já que sua carne representaria um menor risco para as doenças cardiovasculares.
Para que a ovelha tivesse este gordura poli-insaturada, foi usado um
gene retirado de um verme da espécie Caenorhabditis elegans. O gene foi
inserido em uma célula da orelha de uma ovelha. Em seguida, esta célula
foi usada para fertilizar um óvulo e colocada no útero de outra ovelha,
onde foi gerada.
Peng Peng nasceu no dia 26 de março, pesando 5,74 kg, em um laboratório
na cidade de Urumqi, no oeste da China. “Está crescendo muito bem e
está muito saudável, como uma ovelha normal”, garantiu Du Yutao, do Instituto de Genômica de Pequim, líder da equipe de pesquisa. Transgênicos
Com 22% da população mundial, mas apenas 7% da área cultivável, a China
investe pesado nas alterações genéticas como uma forma de melhorar sua
produção de alimentos. No entanto, os animais transgênicos ainda são uma novidade e levarão alguns anos para chegar aos mercados.
“O governo chinês incentiva projetos transgênicos, mas precisamos ter
métodos e resultados melhores para provar que plantas e animais
transgênicos são inofensivos e seguros para o consumo”, completou Du Yutao.
O principal produtor mundial de transgênicos são os Estados Unidos,
onde o consumo de alimentos clonados já é permitido. A regulamentação
americana não distingue animais de vegetais, e um projeto de salmão
transgênico já está em trâmite e pode ser aprovado em breve no país.
Uma equipe de pesquisadores da Universidade Técnica de Munique, na
Alemanha, descobriu que alguns tipos de bactérias presentes nos
iogurtes, como os lactobacilos, podem proteger o corpo contra doenças inflamatórias do intestino. Em um estudo feito com camundongos, os especialistas mostraram que o efeito probiótico
desses microrganismos pode interromper processos inflamatórios do
corpo. A pesquisa foi publicada na edição deste mês do periódico Cell Host & Microbe.
Em experimentos realizados com camundongos, os pesquisadores observaram a ação da bactéria do grupo Lactobacillus casei, presente no ácido lático
do leite, e descobriram que ela produz uma enzima capaz de interromper
processos inflamatórios no organismo. Isso acontece pois a enzima quebra
moléculas que trabalham como mediadoras do processo inflamatório. No
caso, rompem as citocinas (moléculas que ajudam as células a se
'comunicarem') pró-inflamatórias — tipo de citocina que, diferentemente
das anti-inflamatórias, contribuem para os quadros de inflamação no
intestino.
De acordo com o estudo, transtornos intestinais crônicos, como a doença
de Crohn e a colite ulcerosa, são resultados de um mau funcionamento do
mecanismo de defesa do corpo. Nesses casos, as citocinas
pró-inflamatórias podem contribuir para a lesão no tecido devido a
processos inflamatórios crônicos, impedindo a cicatrização dos tecidos.
De acordo com Dirk Haller, coordenador do trabalho, essa enzima é um
elemento comum na área de pesquisa em tecnologia dos alimentos. Mas o
que é surpreendente na sua pesquisa é o fato de que a proteína tem força
para agir sobre importantes mediadores da resposta imunológica do
organismo a processos inflamatórios. Para o pesquisador, o mecanismo que
foi descoberto pode ajudar em novas abordagens de prevenção e
tratamento de doenças intestinais crônicas. Seu próximo passo será
realizar estudos clínicos que apliquem o uso farmacêutico da enzima em
seres humanos e comprovem sua eficácia.
Pesquisadores esperam reter proteína que acelera crescimento do vírus e criar remédios com menos efeitos colaterais
Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) estão
desenvolvendo uma técnica para sintetizar moléculas capazes de inibir o
ciclo reprodutivo do HIV, vírus da Aids. Com isso, eles esperam, em breve, conseguir produzir remédios mais eficazes contra a doença e com menos efeitos colaterais.
O estudo iniciado por Carlos Eduardo de Melo Salvador, de 32 anos,
durante o mestrado, está em fase de testes das moléculas. O objetivo é
saber se elas são eficientes para impedir a propagação do vírus. Depois,
é preciso conferir a toxicidade delas para os seres humanos.
Salvador conta que decidiu estudar o HIV por acaso. Ele havia
concluído a graduação há quatro anos quando quis voltar a estudar. Como
não foi aprovado na primeira seleção de mestrado que tentou no Instituto
de Química, se abriu para outras possibilidades.
Passeando pelo câmpus da UnB, deparou-se com um cartaz sobre uma
pesquisa realizada na Faculdade de Saúde. Enrique Roberto Argañaraz, do
Departamento de Farmácia, estudava a proteína Nef, que descobrira ser
muito importante para o ciclo reprodutivo do HIV.
Por fim, Salvador passou no mestrado na Química, mas já estava
apaixonado pelo assunto. “Sempre fui muito curioso, esse é um tema
importante e meu ideal sempre foi contribuir com algo significativo para
a sociedade”, afirma. Primeiro, a teoria
Na área de Química Orgânica, à qual o mestrado do jovem químico estava
ligado, Salvador não encontrou bibliografia sobre moléculas capazes de
inibir a Nef. O HIV tem a ajuda dessa proteína para incorporar seu DNA
ao da célula hospedeira. Além disso, a Nef auxilia o vírus a destruir os
receptores CD4 dos linfócitos, que impediriam a reprodução do HIV.
Por isso, durante quase três anos, ele, ajudado pela colega Lucília
Zeymer Alves Corrêa, de 24 anos, e orientado pelo professor , calcularam
as estruturas que teriam melhor interação com a Nef, desenharam modelos
no computador, com a ajuda de um simulador 3D, e, por fim, sintetizaram
as moléculas em laboratório.
Ao todo, os pesquisadores produziram sete moléculas a partir dos
modelos teóricos. Salvador, que está no doutorado, explica que as
dificuldades agora são os materiais necessários para os testes.
Primeiro, as moléculas são usadas em vírus sem capacidade infecciosa. A
proposta é apenas conferir a relação delas com a Nef. Depois, eles
partirão para os vírus de verdade.
“A maior expectativa agora é conseguir comprovar a teoria e obtermos
resultados com as moléculas que criamos. Se elas forem promissoras,
vamos para a próxima fase, que é avaliar se essas novas moléculas são
tóxicas ao organismo humano”, comenta o professor Zago. Longo caminho
Salvador diz que o maior problema dos medicamentos atuais contra a Aids é
que eles atacam não só o vírus, mas também outras funções das células.
Mas, para testar uma nova droga em humanos, no entanto, o caminho é
longo. “Pelo menos 10 anos”, declara o professor.
Para Lucília, o esforço vale a pena. “Mesmo que não funcione nada no
final, teremos avançado algo para os próximos pesquisadores, que não
precisarão repetir a mesma coisa”, afirma. Além disso, os químicos terão
uma formação mais ampla, preocupada não só com a teoria química. “Serão
profissionais mais completos”, ressalta Zago.
Ficha de leitura nº4 Assunto:possibilidade de abrandar o processo de envelhecimento
Pesquisador: Miguel Almeida
Um trabalho de investigação permitiu identificar genes relacionados com a longevidade, o que poderá contribuir para a possibilidade de abrandar o processo de envelhecimento dos seres humanos no futuro.
Pedro Magalhães, do laboratório de longevidade da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, explicou hoje à agência Lusa que o trabalho foi desenvolvido com o objetivo de identificar genes, processos e mecanismos que podem estar associados à longevidade em mamíferos.
"Tentamos identificar genes que tenham padrões de evolução associados a espécies de mamíferos que vivam muito tempo", como seres humanos ou elefantes, referiu.
"Estamos a identificar o que pensamos ser padrões de seleção natural que ocorrem em determinados genes para favorecer a evolução da longevidade", especificou Pedro Magalhães.
Os cientistas chegaram a genes relacionados com a resposta aos danos de DNA, alguns "previamente associados com o envelhecimento", e a genes relacionados com mecanismo de reciclagem de proteínas.
Para Pedro Magalhães, "interessante é também as funções que estes genes têm".
Uma pesquisa realizada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, revelou que as abelhas são bioindicadoras de poluição ambiental.
Talita Antonia da Silveira, bióloga que realizou o estudo, explica que as abelhas operárias realizam viagens exploratórias em áreas que cercam seu hábitat, recolhendo o néctar, a água e o pólen das flores. Com isso, quase todos os setores ambientais — solo, vegetação, água e ar — são explorados.
Os produtos apícolas podem ser utilizados como bioindicadores para monitoramento de impacto ambiental causado por fatores biológicos, químicos e físicos. “Esse monitoramento com produtos apícolas pode ser uma das formas de prevenir a contaminação ambiental”, afirma.
Novas bactérias multiresistentes e agressivas estão a surgir em Portugal
"Recorrendo a estudos genéticos, temos verificado que estão a emergir estirpes simultaneamente resistentes e virulentas (violentas, agressivas), o que é preocupante", sustenta Gabriela Jorge da Silva, coordenadora da investigação, que está a ser desenvolvida, há uma década, na Universidade de Coimbra (UC).
Com a capacidade que as bactérias têm de transferir o seu material genético para outras famílias de bactérias, "a resistência à ação de antibióticos é cada vez maior", daí que "identificar estirpes bacterianas de origem animal ou hospitalar e os genes de resistência e de virulência, e a forma como estes se disseminam em vários ambientes, é de extrema importância para a compreensão do impacto na saúde pública da resistência aos antibióticos, afirma.
Gabriela Silva alerta, por isso, para a "necessidade urgente de um melhor controlo da infeção hospitalar e para a racionalização do uso dos antibióticos".
"O custo do tratamento de infeções provocadas por bactérias resistentes aos antibióticos é muito elevado, impõe novas consultas médicas, prolonga a hospitalização do doente, obriga à utilização de antibióticos mais caros e contribui para o aumento da taxa de mortalidade", conclui.
Segundo um estudo realizado em 28 países europeus, divulgado em setembro de 2011, a taxa de infeções em doentes internados em hospitais portugueses é de 11 por cento, muito acima da média total, que se ficou pelos 2,6 por cento.
Para diminuir as infeções hospitalares, a Organização Mundial de Saúde instituiu o Dia Mundial da Higiene das Mãos, que se assinala a 05 de maio, tendo Portugal aderido à campanha em 2008.
A investigação em curso abrange bactérias de origem hospitalar, animal e ambiental, resistentes a vários grupos de antibióticos, nomeadamente derivados da penicilina, incidindo na avaliação molecular da resistência e virulência de "Acinetobacter sp.", "E.coli, Klebsiella sp." e "Salmonella sp.".
Os investigadores conseguiram identificar "estirpes emergentes de Acinetobacter multirresistentes aos antibióticos, e de E.coli, assim como genes e novas estruturas genéticas envolvidas na disseminação da resistência aos antibióticos".
O objetivo dos estudos, "bastante complexos", é "abrir portas ao desenvolvimento de novas estratégias de combate a infeções hospitalares", e à descoberta de "novos antibióticos capazes de travar as novas resistências das bactérias".
Ao conhecer a forma como se propaga, "é possível implementar medidas de prevenção atempadas, nomeadamente através da melhoria do controlo da infeção, de forma a reduzir as infeções adquiridas no hospital e a mortalidade associada a infeções causadas por bactérias multirresistentes, sustenta a investigadora.
Os estudos em curso envolvem uma equipa multidisciplinar, têm a colaboração dos Hospitais da Universidade de Coimbra e das Universidades de Tromso (Noruega) e de Leiden (Holanda) e são financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e pela "European Society of Clinical Microbiology and InfectiousDiseases".