sexta-feira, 8 de junho de 2012

Super bactéria pode aumentar produção de hidrogénio

Ficha de leitura nº9
Assunto: Novos combustíveis
Pesquisadora: Sara Alberto 



Foi descoberta uma "super bactéria" capaz de produzir grandes quantidades de hidrogénio a partir de resíduos orgânicos. Este poderá ser usado no futuro como um combustível não poluente. 




O hidrogénio é essencialmente usado para fabricar químicos, mas num futuro próximo poderá ser utilizado como combustível para veículos em combinação com células de outras substâncias.

Para produzir este gás com consequências neutras no clima, as bactérias são adicionados à silvicultura ou no lixo doméstico, usando um método similar ao da produção de biogás. Um problema dos problemas deste método de produção é o facto de ser muito baixa, ou seja, as matérias-primas para gerá-lo são poucas.
Agora, pela primeira vez, uma equipa de investigadores descobriu que uma nova bactéria – a Caldicellulosiruptor saccharolyticus (CS) – consegue produzir o dobro de hidrogénio do que o normal. Os resultados do estudo mostram como, quando e porquê – um trabalho que aumenta possibilidades de produção biológica competitivas.

“Existem três explicações: primeiro, estas bactérias adaptaram-se a um ambiente de baixa energia, o que lhe permitiu desenvolver sistemas de transporte eficazes para os hidratos de carbono e a capacidade de aceder a partes inacessíveis de plantas, com a ajuda de enzimas – assim, produz mais hidrogénio; segundo, conseguem adaptar-se ao constante aumento de temperaturas, mais do que outros organismos – logo, quanto maior for a temperatura, mais gás pode ser formado”, segundo disse Karin Willquist, estudante de doutoramento em Microbiologia Aplicada Universidade de Lund (Suécia).

A terceira explicação é o facto de a C. saccharolyticus poder produzir hidrogénio mesmo em condições difíceis. Mas, por outro lado, esta bactéria não gosta de grandes concentrações de sal ou hidrogénio – o que afecta as moléculas de sinalização deste micro-organismo e, por sua vez, o metabolismo leva a que produza menos gás. Contudo, Karin Willquist assegura que é possível contornar a situação para que as concentrações não se tornem demasiado elevadas.

Biogás do futuro


A C. saccharolyticus foi isolada pela primeira vez na Nova Zelândia
Quando o hidrogénio é usado como transportador de energia, por exemplo, em motores de automóveis, a água é o único subproduto. No entanto, se a produção de gás for realizada por um método convencional, consome grandes quantidades de energia, e ainda não é um vector energético muito respeitador do ambiente.

As formas mais comuns para a produção do gás de hidrogénio são através da reforma de do metano ou da electrólise da água, mas o primeiro não é renovável e contribui para o aumento de emissões de carbono. E a electrólise necessita de energia, seja esta, fóssil, solar ou eólica.

Já se for produzido a partir da biomassa, não haverá a preocupação das emissões de dióxido de carbono, porque o que for formado na produção é o mesmo que é absorvido da atmosfera pelas plantas. O bio-gás de hidrogénio será provavelmente o complemento de biogás no futuro, prediz ainda a investigadora.

Hoje, já existem carros que funcionam com gás de hidrogénio, como por exemplo, o Honda FCX, mas são muito poucos por ser uma produção demasiado cara e não existirem estruturas próprias. “O primeiro passo para uma sociedade que funcione com este gás poderá ser misturá-lo com o gás metano e usar as infra-estruturas deste último”, assegurou Willquist.

A C. saccharolyticus foi isolada pela primeira vez em 1987, durante uma primavera muito quente, na Nova Zelândia. Mas, apenas muito recentemente é que os investigadores perceberam o seu potencial.


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